sexta-feira, 17 de abril de 2015

Zonzeando



Amor, amor, amor.
- Chega!
 Cansado estoy
das celebrações.

Ó, eternidade!
Adonde anda
 el hombre?

Pra donde voy?
Quiero conecer
la existência.

Quiero saber de Dios.

Adonde anda Dios?
Yo quiero el blanco
claro e puro.

Quero bater asas,
e voar no cuerpo
de los hombres.

A poesia é uma ausência nobre.
Esqueço a tarde em Salvador?

Nos quilombos e guetos,
 ouvi o riso das bichas,
lambendo o pão que o diabo
 beijou.

Ai que saudades tenho do tempo
 todo cheio de tudo.

Ó, my God!
Como estoy down!
Será que tudo passa
em Santa Rita
do Passa Quatro?

Chega! Para existir
é preciso resistir.


Um Rio


Um rio passa nas linhas do meu rosto.
Atravessa caminhos passados a limpo.

 No exato momento da Criação,
lava os olhos, o nariz e a boca.

Prepara as almas para receberem
a luz, no ritual da passagem final.

No ar, as flores visitam novas cores,
brincam, bailam. Consagram a Deus
o chão.

Morro quando morre a folha.
A poesia segue um rio claro.

A lua inteira chora.
A terra é ferida
e exposta ao céu,
e ao vento mudo.

O homem chora tarde.
A vida passa como um rio
na essência das coisas.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Em Busca do *Beijo Experimental

Na Avenida São João,
 transporto a saudade
do poeta de Montes Claros.

Num trem de luz, segue o poema,
irmão d'O Beijo experimental.

Encontro-o numa rua deserta.
Deito-me, fecho meus olhos.

Azuis são os sonhos,
numa casa simples,
com orquídeas vermelhas
 nas portas e rosas roxas
nas janelas.

Perco-o nos cinemas fechados,
nos bares escuros e nos teatros
lotados.

Nas praças sem árvores,
vejo fantasmas a lamber
as dores do mundo.

Longe estamos das horas,
passadas num domingo triste.

O poeta brinca de esconde-esconde.
Os passos lentos, sentem o asfalto.
Ainda espero o 'Beijo experimental'.


.
Título do livro "O Beijo Experimental de Cacá Mendes.



Palácio de Cera


Menino.
Não voltarei ao teu palácio
de sonho e cera, para cantar.
canções de ninar;

Nas histórias contadas,
 lobisomens e sacis,
  perderam as unhas.

Não beijarei teus lábios.
Ficarás longe da poesia
e do meu canto.

Ficarei só comigo mesma,
a beijar bonecos de neve.

Nos barcos de papel
 visitarei teus sonhos,
oceanos de fantasia.

quarta-feira, 15 de abril de 2015


Tristeza



Uma tristeza vaga

                             flui
 no linho

e borda

 a madrugada

                            azul.

Branco


branco branco branco
copos cheios de tinta
tingem nuvens

um corpo desnudo
num verso branco
na câmara escura.


olha o olho a pedra
no escuro no muro
na porta no mundo.

A poesia



A poesia acalma o voo
na hora da turbulência.

desata os nós de linho
costurados no manto
e na alma

Poesia é oração.
Leva-nos às flores
os pincéis de Monet.

Dá ritmo às estrelas,
giram no espaço,
os rapazes de Genet.